quinta-feira, 27 de abril de 2023

CARTA DA ANEPF AOS ESCRIVÃES DE POLÍCIA FEDERAL - ABRIL DE 2023 - ATRIBUIÇÕES - REESTRUTURAÇÃO - CARREIRA


Caro colega Escrivão de Polícia Federal,

Precisamos, todos, estar cientes dos desafios que envolvem a evolução do nosso cargo, mais ainda, atentos à urgência e necessidade de mudanças que garantam, não só a manutenção de direitos já consagrados, mas os avanços que porventura alcancem a carreira policial e a estrutura do órgão

Nosso cargo encontra-se defasado e essa questão não pode ser negligenciada ou menosprezada por mais tempo. Mas não é apenas o nosso cargo que se encontra defasado ou em desalinho, mas a Carreira Policial Federal como um todo, já que esta se manteve inalterada, não obstante o extenso rol de atribuições constitucionais e legais após o período de redemocratização do país, sob a égide da Constituição Federal de 1988. 

Continuou sendo utilizado o modelo de carreira nos mesmos moldes do adotado pelas polícias civis estaduais, as quais são, diferentemente da Polícia Federal, órgãos policiais exclusivamente investigativos e de polícia judiciária. 

Esse modelo tem gerado injustiças no manejo dos recursos humanos para atender tão amplo rol de competências, impedindo o reconhecimento e a valorização dos policiais federais que, na sua grande maioria, apesar de exercerem atividades de alta complexidade e responsabilidade, não são tratados de forma isonômica dentro do órgão, tanto no que tange ao acesso às chefias, como na diferença salarial absurda existente entre os cargos da carreira. 

Reposições lineares concedidas ao longo das últimas décadas acentuaram um abismo salarial injusto entre os cargos, o que vem contribuindo para deteriorar o clima organizacional, gerando um clima conflituoso, insalubre e perigoso dentro do órgão. 

Trata-se do reflexo, no aspecto remuneratório, das distorções de reconhecimento ou, antes, da falta deste em relação ao trabalho exercido pelos policiais federais. Recentemente, na gestão do atual governo federal, as representações de todos os cargos policiais, assim como dos cargos da carreira administrativa, sinalizaram, através de uma tabela de reestruturação salarial, encaminhada através da Direção-Geral do órgão, como proposta oficial, um consenso que pode ser entendido como histórico e que reconhece, mesmo que de forma parcial, as distorções que ora destacamos. Isso é, de certa forma, um avanço positivo que esta associação, em conjunto com as demais representações, vem trabalhando e trabalhará arduamente pela implementação. 

A questão salarial é importante, não há dúvidas, mas ela é só um reflexo de problemas estruturais que precisam ser enfrentados com conhecimento, coragem e união de todos os colegas. 

Nesse diapasão, ponto que merece destaque especial é a ausência de atribuições em lei para os cargos policiais federais. As atribuições dos cargos constam, de forma antiquada, não exauriente e irregular, na Portaria nº 523/1989- MPOG. Em que pese o avanço representado pelo reconhecimento legal do nível superior da natureza dos cargos policiais federais havido nos últimos anos, as atribuições presentes na portaria são descritas como de nível médio

Urge corrigir essa irregularidade e estabelecer, em lei, atribuições condizentes com a realidade e complexidade das atividades diuturnamente exercidas por todos os policiais federais. 

A Polícia Federal está para completar 80 anos de existência. Há um projeto para celebrar esse aniversário com a consagração de metas de relevo, das quais destacamos duas que vêm ao encontro dos nossos anseios e lutas: valorização de todos os servidores do órgão e o estabelecimento da Lei Orgânica da Polícia Federal

É nesse contexto que a ANEPF, munida de pesquisas diversas junto à base e da experiência de anos frente a debates e negociações com as demais representações, com os gestores do órgão e entes governamentais, elenca pontos que entende como prioritários na defesa do interesse da categoria e que devem fazer parte dessa grande reestruturação institucional: 

1. Defesa da tabela salarial assinada e encaminhada pela Direção-Geral ou outra que diminua ou acabe com o abismo salarial existente entre os diferentes cargos da carreira policial; 

2. Atribuições complexas e de nível superior, abrangendo todas as atividades atualmente exercidas pelos escrivães, estabelecidas em lei (stricto sensu); 

3. Unificação dos cargos operacionais, ou então somente entre agentes e escrivães, com consequente estabelecimento de atribuições complexas e de nível superior em lei (stricto sensu); 

4. Alteração do nome do cargo Escrivão de Polícia Federal (EPF), seja através da unificação com outro(s) cargo(s), seja de forma isolada, dando prioridade ao nome Oficial de Polícia Federal (OPF). Havendo resistência com relação ao nome OPF nas tratativas da reestruturação a ponto de inviabilizar a mudança do nome do nosso cargo, se buscará outro nome dentre os utilizados em outras carreiras policiais, seja em âmbito nacional ou em modelos comparados (Agente, Inspetor, Comissário etc.) 

A mudança do nome do cargo ESCRIVÃO, mesmo de forma isolada, sem unificação com outro cargo, se torna imprescindível para rompimento cultural, eliminando interpretações equivocadas quanto à sua natureza (administrativa ou policial), incluindo interpretações judiciais que possam trazer prejuízos irreparáveis, assim como para encerrar de vez injustiças internas, de natureza discriminatória, que esta associação de forma reiterada é impelida a intervir. 

Cabe ressaltar, ainda, que o nome ESCRIVÃO foi abolido das carreiras do Judiciário, de onde derivou para as carreiras policiais. Se não existe mais no Judiciário, muito menos faz sentido continuar existindo na Polícia. As funções historicamente exercidas pelo cargo ESCRIVÃO vão sendo absorvidas pelas ferramentas de TI e pelo uso, cada vez maior, da inteligência artificial

Diante do exposto, esta diretoria clama a todos os associados e a todos os escrivães para que se engajem nessa luta, que acreditem, que não alimentem desinformação ou, muito menos, fomentem discórdia, que busquem conhecer toda a história e todos os seus personagens. 

Com a união de todos, com uma só voz, conseguiremos a tão sonhada e esperada (r)evolução. 

27/04/2023

Diretoria Executiva - ANEPF

Brasília/DF

quarta-feira, 26 de abril de 2023

ANEPF encaminha ofício ao Diretor-Geral da Polícia Federal requerendo retificação de edital de seleção para o GPI/RJ


Chegou ao conhecimento desta entidade, por interessados injusta e potencialmente prejudicados, que, no bojo do edital de recrutamento e seleção para o GPI (Grupo de Pronta Intervenção) do Rio de Janeiro, divulgado abertamente na intranet da PF, os Escrivães de Polícia Federal teriam sido sumariamente alijados da seletiva, já que esta contemplaria apenas o cargo de Agente de Polícia Federal.

Mostra-se imperioso salientar que situações similares já ocorreram anteriormente em passado recente. No primeiro semestre do ano de 2020, na oportunidade da confecção da minuta do processo de seleção para o COT/PF (https://anepf.blogspot.com/2020/06/diretor-geral-da-policia-federal.html) e, em meados do ano de 2021, na ocasião da elaboração da minuta da portaria do processo de seleção para unidades operacionais do NEPOM e do GEPOM (https://anepf.blogspot.com/2021/07/edital-de-recrutamento-para-nepoms-e.html).

Em ambas ocasiões, citadas apenas como exemplo, a ANEPF fora instada por seus representados a intervir para requerer a correção dos textos, sendo que os editais foram retificados pela gestão receptiva e pacificadora da Direção-Geral da Polícia Federal à época, consolidando, assim, de forma justa e sábia, o devido reconhecimento dos valorosos recursos humanos disponíveis no cargo de EPF em todo o órgão.

Fato a ser ressaltado é que a situação vem se repetindo, demonstrando se tratar de uma questão maior e mais complexa, que demanda ações concretas que alcancem verdadeira mudança cultural.

Os Escrivães de Polícia Federal vêm sofrendo, historicamente, ações discriminatórias em processos organizacionais. Isso reflete uma postura antiquada, não condizente seja com a Polícia Federal do presente, seja com a do futuro, que estamos todos juntos construindo.  

Os Escrivães de Polícia Federal estão trabalhando de forma exemplar em diversas unidades operacionais da Polícia Federal, incluindo CAOP, COT, GPIs, NSDs/GSDs, NEPOMs/GEPOMs, na linha de frente do combate ao crime nas unidades da PF pelo Brasil. Desta feita, os EPFs contribuíram e contribuem até hoje para a consolidação de todas as unidades investigativas, essencialmente operacionais e de inteligência do órgão.

Neste sentido, fomentamos a disseminação da ideia de instituição unitária e a não segregação por cargos que tanto fragiliza e acirra os ânimos na nossa instituição, trazendo diversos prejuízos corporativos e individuais

Cabe também apontar os reveses que concursos públicos policiais país afora (inclusive da própria PF) têm sofrido com decisões judiciais que demonstram desconhecer cabalmente a natureza intrinsecamente policial do cargo de Escrivão de Polícia, cuja percepção por vezes é dificultada por tais equívocos gerenciais havidos no seio dos próprios órgãos policiais.

É imprescindível oportunizar a participação de EPFs em cursos de formação, recrutamentos, seleções internas (ex: COT, CAOP, NEPOM, e também para o GPI, como é o caso em tela), com a utilização de critérios objetivos e que oportunize à administração a escolha do servidor policial mais preparado, não havendo justificativa para vetar quaisquer dos cargos policiais, porquanto se tratar da atuação em área-fim.

Não se tem conhecimento a respeito da existência de critérios técnicos e funcionais vigentes para delimitar o recrutamento em razão de alguns cargos policiais em detrimento de outros, já que todos recebem, senão exatamente a mesma, praticamente a mesma carga de treinamento técnico, investigativo e operacional no curso de formação na Academia Nacional de Polícia, bem como atuam nessas áreas nos estágios de primeira investidura a que são submetidos, em suas lotações iniciais. Outrossim, mais importante ainda é destacar que, na formação continuada do policial, tanto por sua experiência de atuação como no que concerne à sua formação continuada, não há elementos fáticos ou de direito que avalizem tal apartheid a que recorrentemente se submete o Escrivão de Polícia Federal. 

Sendo assim, a ANEPF encaminhou ofício ao Senhor Diretor-Geral, requerendo gestões no sentido de sedimentar, em todos os atos normativos, a proibição de tratamento diferenciado aos servidores da carreira policial. Não há dúvidas de que, assim agindo, a gestão da PF se prestará a harmonizar as diversas intrigas internas e propiciar a satisfação profissional de todos que escolheram a profissão policial por admirarem a instituição da qual fazem parte e, portanto, à qual devem se sentir de fato integrados.

Pleiteamos então, através deste ofício, a intervenção do gestor máximo da PF no processo seletivo em comento para corrigir a situação e anular o indevido impedimento de participação dos Escrivães de Polícia Federal, corrigindo-se o texto do edital e facultando-se aos colegas integrantes do cargo efetiva participação. Mais do que isso, conclamamos a Direção-Geral a disciplinar, de forma incisiva e definitiva, os parâmetros de seleção de modo que invariavelmente reconheçam a legitimidade da participação dos cargos da carreira policial em tais certames.

Diretoria Executiva ANEPF

Brasília, 26/04/2023

quinta-feira, 6 de abril de 2023

ANEPF REUNE-SE COM CÚPULA DA POLICIA FEDERAL PARA TRATAR DE TEMAS AFETOS À CATEGORIA (ABRIL 2023)


O Presidente da Associação Nacional dos Escrivães de Polícia Federal, Flavio Werneck, reuniu-se, no dia 5 de Abril de 2023, com a cúpula da Polícia Federal para tratar de temas afetos à categoria

Estiveram presentes na reunião com a ANEPF o Diretor Geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e o Diretor de Gestão de Pessoal, Guilherme Monseff de Biagi

Na oportunidade, a Diretoria Executiva da ANEPF deu as boas-vindas aos novos gestores da Polícia Federal e se colocou à disposição para que, juntos, possam dar encaminhamento e resolução às questões que dizem respeito à categoria e que já vinham sendo tratadas com as gestões anteriores. 

A última reunião realizada pela ANEPF com DG e DGP havia ocorrido há mais de 1 ano.

O Presidente da ANEPF atualizou os atuais gestores maiores da Polícia Federal sobre as dificuldades e demandas, atuais e históricas, dos Escrivães de Polícia Federal, e falou sobre o alto nível de insatisfação que vem sendo demonstrado das últimas pesquisas de clima organizacional realizadas pela ANEPF junto à sua base (referência: https://anepf.blogspot.com/2022/01/resultado-das-ultimas-pesquisas-de.html), solicitando que as necessidades e anseios da categoria sejam levadas em conta pela administração do órgão, no contexto de futuras reestruturações, salarial e de carreira, e modernização institucional.

A ANEPF se colocou à disposição da Direção Geral para participar de todos os debates que envolvam a evolução do cargo Escrivão de Polícia Federal.

Brasília, 06/04/2023

Diretoria Executiva

ANEPF